17 de abril de 2013

A causa da destruição ambiental é o capitalismo!


“Agora, vamos falar de um assunto muito sério, que é coleta seletiva...”. O repórter da TV Globo, em Pernambuco, começa mais uma entre milhares de matérias sobre meio ambiente na maior e mais influente rede de televisão do país.
           
Em menos de quatro minutos, ele mostra para o telespectador a ajuda inestimável do material reciclável ao meio ambiente. Com um detalhe ainda melhor: ele pode ser fonte de renda! A matéria, por meio do entrevistado, nos mostra que atos simples - aqueles cotidianos e negligenciados por todos nós - podem modificar o mundo.

A reportagem é um alento para o telespectador cheio de culpa por não contribuir como deveria com a causa ambiental. Afinal, ainda há esperanças de um futuro melhor. Basta que todos arregacem as mangas, é o que diz a tevê, é o que diz o “especialista” ouvido pelo repórter, é o que afirmam os governos e as empresas em que trabalhamos.

Com tanto consenso em torno do tema, não resta dúvidas de que este é o caminho para a preservação da natureza e a conquista de um modo de vida sustentável. Correto? Errado! E nós mostramos o porquê.

A culpa não é do “cidadão”
Cotidianamente, as pessoas se questionam: há solução para as causas da destruição da qualidade do meio ambiente? Os problemas que afetam o meio ambiente podem ser resolvidos? Não por acaso, diariamente surgem matérias como a citada acima para dar “resposta” a tantos questionamentos.

Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que a causa de todos os problemas ambientais vivenciados hoje, ontem e aqueles que ainda estão por vir não são as atitudes individuais de cada “cidadão”, como tentam nos convencer diariamente. Demonizados pela imprensa, pelas empresas e pelos governos, os desperdícios individuais como lavar a calçada e escovar os dentes mais que cinco minutos estão longe, muito longe, de representar o verdadeiro vilão do meio ambiente.

Para nós, socialistas, não resta dúvidas sobre quem é o real inimigo da causa verde e o responsável pelo caos ambiental que vivemos hoje: é o atual sistema de produção e, fundamentalmente, o modelo de sociedade imposto aos trabalhadores e trabalhadoras: o capitalismo.

Capitalismo e meio ambiente não combinam
No capitalismo, os trabalhadores e as trabalhadoras não possuem ferramentas para cessar as causas dos problemas ambientais, porque quem domina os meios de produção em larga escala, quem domina os meios de exploração dos recursos naturais não é o indivíduo e sim o grande agroprodutor, as grandes corporações mineradoras, petrolíferas e madeireiras. Com o apoio dos banqueiros e governos, essas corporações dominam a economia e todas as políticas governamentais - inclusive as ambientais.

É entediante quando a mídia, cúmplice do capitalista explorador de recursos naturais, produz programas sobre as causas desse ou daquele problema ambiental. É uma lavagem cerebral cruel que começa desde cedo, com nossas crianças, que não traz nenhum resultado positivo real para esses problemas.

Esses programas apenas apontam os problemas e aterrorizam acerca do futuro cada vez mais carente de um meio ambiente saudável e natural. Esses programas mostram a crescente e incessante destruição e poluição ambiental que cercam a vida das pessoas onde quer que elas estejam, na cidade, no campo, na praia, no mangue, no sertão.

A mídia, cúmplice do capital, faz questão de reforçar os problemas e lançar o desafio ao individuo sobre a solução desses problemas. Ao indivíduo resta se sentir culpado por nada poder fazer de concreto que traga resultados reais. A mídia nesse momento lança mão de mais uma estratégia para geração de lucro ao grande capitalista explorador de matérias primas.

Isso porque tomado por um sentimento de culpa, o consumidor tem a opção de comprar produtos “verdes”. Que de verdes não têm nada, porque são produzidos nas mesmas fábricas poluidoras, com tecnologias defasadas para controle de poluição, que geram exploração de recursos naturais e degradação da qualidade ambiental, além de explorarem o trabalhador, submetendo-o a condições precárias de trabalho, com acidentes e exposição a substâncias nocivas.

Os grandes centros de pesquisa e estudo financiados pelos governos e indústrias só recebem investimentos maciços se o produto a ser desenvolvido trouxer cada vez mais lucros para o produtor capitalista. Aqueles que querem desenvolver tecnologias alternativas, ou novas descobertas que tragam benefícios ao coletivo e meio ambiente, com baixo custo, não recebem investimento ou recebem baixos investimentos.

Só para citar um exemplo temos a energia solar, mais especificamente no Brasil onde a incidência solar é uma das maiores na maior parte do ano, as células fotovoltaicas são as mais caras e complexas tecnologias do mundo. O investimento na compra ou produção da tecnologia não compensa. Ao final, o uso da energia solar resume-se a “ser bonito” de utilizar.

Não há muitas opções de produtos que ao serem produzidos tenham gerado menor impacto ao meio ambiente, como os orgânicos. Quase todos os produtos disponíveis são industrializados, possuem muito trabalho e exploração embutido, substâncias nocivas à saúde, grande quantidade de poluição em seu rastro. A grande maioria da classe trabalhadora que ganha pouco não tem condições de obter produtos orgânicos, por exemplo, mais caros.

A produção capitalista tem como objetivo único a obtenção de lucro, e lucro cada vez maior. A lógica é simples: se um produto X é produzido a partir de investimentos em tecnologias que causam menos impacto ao meio ambiente, mas geram menos lucro e o produto Y é produzido de acordo com o atual modelo de produção, causando impacto ao meio ambiente, mas com menor custo e, portanto, gerando maior lucro, qual será produzido em larga escala pela indústria capitalista?

A resposta é que o capitalista vai produzir o produto Y porque ele tem como objetivo único a geração de lucro, e lucro cada vez maior. Se o produto X é ecologicamente correto, tornando-o mais interessante do ponto de vista da qualidade ambiental, para o capitalista não faz nenhuma diferença. Exceto caso você prove a ele que esse produto possa ser mais lucrativo. Ou, em outro cenário possível, caso prove a ele que uma campanha agressiva sobre “responsabilidade social” pode fidelizar o consumidor e por, consequência, chegar no final das contas ao mesmo objetivo: geração de lucro.

As tarefas ambientais são tarefas do socialismo
As causas de toda a degradação e superexploração dos recursos naturais só terão fim quando a base da produção deixar de ser a obtenção de lucro. Ou seja, quando o capitalismo deixar de existir. A partir de então, a exploração dos recursos naturais se dará de forma sustentável, sem degradação, sem superexploração. E por um simples motivo: o objetivo não será a superprodução para obtenção de lucro e lucro cada vez maior, mas será apenas para a satisfação das necessidades do povo e manutenção dos meios de vida e produção ao longo das gerações.

Quando determinado recurso estiver em perigo de extinção ou com sua sobrevivência comprometida, esse recurso não será mais explorado. Ele será preservado, outra matéria prima ou outra tecnologia será empregada para produzir o mesmo. Esse recurso será recuperado, preservado, conservado e estará disponível em quantidade e qualidade para as próximas gerações e para a manutenção da qualidade de vida e do equilíbrio do meio ambiente.

A base da produção no socialismo não é a superprodução, nem a obtenção de lucro. A base da produção socialista permitirá a ampla participação social na tomada de decisões. Seja a forma como será distribuída, o melhor preço, o mais acessível. Isso permitirá que a produção se mantenha sem que gere excedente de capital, sem que haja exploração da mais valia do trabalhador, sem que cause a destruição do meio ambiente. Pelo contrário, a base da produção socialista se dará de forma que a capacidade de recuperação da natureza seja respeitada.

No socialismo, o trabalhador terá plena satisfação de saber que todo seu trabalho foi empregado na produção de bens e produtos úteis e com respeito aos recursos naturais, que nada foi extinto durante a produção, que a qualidade do meio ambiente onde ele e sua família vivem foi preservada, que a água, o solo e o ar estão limpos, livres de poluição, porque as fábricas utilizarão as melhores tecnologias para produção, com menor geração de resíduos, com menor emprego de substâncias nocivas, com menor exploração dos recursos.

No campo teórico, os ambientalistas conhecem a fundo os problemas: aquecimento global por efeito estufa acentuado pelas atividades humanas, derretimento das geleiras, aumento do nível do mar, morte dos corais, perda de biodiversidade e ecossistemas naturais, escassez de água potável, problema do lixo, contaminação da água, solo e ar, acidentes ambientais na indústria, tráfico de animais e genética, desmatamento entre outros impactos ambientais.

A lista é extensa. Muitos cientistas, ambientalistas e políticos já se debruçaram sobre essas informações para apontar saídas. Todas elas limitadas, insuficientes, porque são concebidas e executadas sob o marco do capitalismo. Por isso, não podemos alimentar ilusões. Como revolucionários, afirmamos com muita franqueza aos companheiros que militam pela causa ambiental: o socialismo não é apenas o melhor caminho para a preservação do meio ambiente. É o único caminho possível.

2 comentários:

os soviéticos planejavam derreter o ártico com energia nuclear para expandirem suas plantações.
vai me dizer que os capitalistas são os únicos a destruírem o meio ambiente?

Soviéticos (stalinismo) ≠ Socialismo (é só ler história). Não é que o Socialismo seja perfeito, mas o capitalismo já provou ser incapaz de respeitar e proteger o Meio Ambiente. Fato é o que vai acontecer em Belo Monte, perdas culturais, biológicas e ambientais inestimáveis e inimagináveis em prol da produção de ridículos MW de energia para meia dúzia de empresas de capital estrangeiro que irão destruir o solo e a floresta amazônica sem precedentes na história do planeta.

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