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27 de maio de 2014

Cubatão é palco de revolta operária em greve que já dura 23 dias em refinaria da Petrobras

Início da greve em Cubatão, quando mobilização envolveu 15 mil trabalhadores de 25 indústrias

Ignorados pela grande imprensa, desprezados pelos patrões e invisíveis aos olhos da opinião pública, os operários terceirizados da Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (SP), na Baixada Santista, resolveram sair na marra da invisibilidade.

Nesta terça-feira (27/05), 23º dia de greve dos trabalhadores da empreiteira Tomé, dois ônibus foram incendiados – num gesto radicalizado de raiva contra as condições degradantes de trabalho, o salário de fome e os calotes, que acontecem quase todo mês. Soma-se a esses ingredientes a revolta com o descaso da Tomé, que insiste em negar as reivindicações, e com a negligência da Petrobras, que assiste ao conflito de camarote sem nada fazer.

Seguindo as dezenas de exemplos que se espalham pelo país em outras categorias às vésperas da Copa do Mundo, os mais de cinco mil trabalhadores da Tomé lançaram mão da única – porém poderosa – ferramenta que têm em mãos: a greve.

Eles exigem 16% de aumento salarial, vale alimentação de R$ 800,00 mensais, Participação nos Lucros (PL) de R$ 5 mil, além de melhores condições de trabalho e avanço nas cláusulas sociais.

No início da greve, deflagrada em 5 de maio, a mobilização envolvia todo o Polo Industrial de Cubatão. Mais de 15 mil trabalhadores espalhados em 25 indústrias realizaram um forte movimento. Entretanto, para os trabalhadores da Tomé a luta não podia acabar. Responsáveis por erguer a nova unidade de diesel da refinaria, uma obra milionária que vale no mínimo R$ 3 bilhões, era impossível para os trabalhadores não observar o abismo brutal entre a riqueza que produzem todos os dias e a vida dura que enfrentam cotidianamente. 

Retaliação patronal
Logo após a decisão de manter a greve, tomada mesmo com os riscos inerentes agora à luta isolada, os trabalhadores sofreram um revés: a empreiteira Tomé resolveu partir para a contraofensiva, cortando o vale alimentação dos trabalhadores. Sem esse depósito mensal, fundamental para garantir comida na mesa da família, os ânimos se exaltaram. “Agora o caldo vai entornar, se querem intimidar a gente, a nossa resposta vai ser no mesmo calibre”, prometeu um operário, durante a assembleia.

A previsão não poderia ser mais precisa. A massa de operários respondeu a retaliação dos patrões com a continuidade da greve. O incêndio dos dois ônibus, nesta terça-feira, foi apenas a continuidade de uma radicalização nos métodos de luta dos trabalhadores que passou a envolver a ocupação de rodovia, formação de piquetes e até mesma a eleição de uma comissão de base, por fora do sindicato.

Espontaneamente, no calor da luta, os trabalhadores subiram – provavelmente de modo inconsciente – os degraus da luta de classes. O ódio ao patrão, assim como a desconfiança diante de uma direção sindical vacilante, é visível nos olhos dos trabalhadores em luta.

“A partir de agora, o sindicato só fala com a nossa autorização e quando a gente quiser”, afirmou um dos quatro trabalhadores eleitos na rodovia ocupada. Ele é ovacionado. Já a burocracia sindical, que em nenhum momento participou do piquete espontâneo dos trabalhadores, se cala diante dos trabalhadores e se justifica diante da imprensa.

"A diretoria do sindicato esclareceu que não tem nenhuma responsabilidade sobre a paralisação da rodovia. A diretoria, a militância e os equipamentos do sindicato estão no local da assembleia e não foram para a estrada. O diretor também disse que o sindicato não promoveu nem incentivou a paralisação da rodovia. Mesmo assim, ajudou a polícia a convencer os manifestantes a se retirarem do local", relatou a reportagem do G1 Santos e Região.

Justiça dos ricos
Responsável em tese por conciliar os conflitos entre patrões e empregados a Justiça, mais uma vez, demonstrou seu caráter de classe. No dia 22 de maio, uma quinta-feira, o conflito foi parar nos corredores do Tribunal Regional do Trabalho que teve a proeza de piorar a proposta da patronal, reduzindo em 2,5% o aumento salarial proposto, decretando ainda a greve ilegal. “Tribunal é tudo dominado por essas empresas, é tudo combinado já”, chegou a conclusão um dos operários em greve. 

O desenlace final da greve está próximo. Desde o primeiro dia, o PSTU e a CSP-Conlutas estão jogando toda a sua militância em apoio a esses guerreiros da construção civil. Entre a vitória ou derrota imediata desta greve está a certeza de uma conquista que ultrapassa qualquer avanço econômico, qualquer porcentagem salarial: o avanço na consciência de classe, quando milhares de trabalhadores descobrem quem é seu inimigo e quem é seu aliado.

Abaixo, assista ao vídeo da TV Tribuna sobre 23º dia de greve


6 de maio de 2014

Greve operária atinge 15 mil trabalhadores em Cubatão

Gabriel Casoni, de Cubatão (SP)

Mais de 15 mil operários estão em greve em Cubatão (SP). São trabalhadores da construção civil e das empresas terceirizadas do pólo industrial. Somente na refinaria da Petrobras (RPBC) são cerca de 7 mil operários de braços cruzados. Além das terceirizadas da refinaria, a greve atinge também a fábrica de fertilizantes da Vale e inúmeras outras empresas petroquímicas da região. Ao todo são 25 indústrias paradas.

A greve geral dos operários terceirizados de Cubatão é tão forte que praticamente não há fura-greves a serem contidos: a adesão é massiva e espontânea. A radicalidade do movimento se manifestou também na assembléia que deflagou a paralisação nesta segunda-feira, 5 de maio. O sindicato da categoria (Sintracomos) propôs que a paralisação tivesse inicio após 72 horas, para o cumprimento legal do aviso de greve. A massa operária não deu bola para a recomendação jurídica. A greve geral começou na mesma hora.

Os trabalhadores em luta exigem 16% de aumento salarial, vale alimentação de R$ 800,00 reais mensais, Participação nos Lucros (PL) de R$ 5 mil reais, além de melhores condições de trabalhado e avanço nas cláusulas sociais.

O levante dos operários precarizados
Não completou ainda um mês da última greve dos terceirizados da refinaria de Cubatão. Foram 11 dias de braços cruzados em abril. Na verdade, tinha sido só o aquecimento para a paralisação geral de maio.

Em todo país, há uma revolta crescente dos operários precarizados das grandes obras e fábricas. Em março, cerca de 30 mil operários da obra do Comperj, em Itaboraí (RJ), cruzaram os braços em defesa de condições dignas de salário e de trabalho. Também estão parados os trabalhadores da Imbel, fábrica estatal de armamentos. A heróica greve dos Garis do Rio, em pleno carnaval, comoveu o país e encorajou as lutas de todos explorados e oprimidos.

Os homens e mulheres que produzem toda a riqueza do país querem o direito a uma vida digna. A greve é a sua ferramenta.

Unificar as lutas e conquistar vitórias!
A realidade é dura. Os salários não chegam ao final do mês. A inflação galopante corroí o pouco dinheiro que sobra no bolso. Enquanto o patrão engorda os lucros, o trabalhador tá enforcado em dívidas com os bancos.

Não dá mais. Merecemos um salário decente! Por isso, devemos exigir dos governos e das empresas aumento geral dos salários. Nesse sentido, é fundamental unificar as greves e as mobilizações em curso. Unidos somos mais fortes!

Queremos também uma vida mais digna. A saúde e educação estão abandonadas. Mas sobra dinheiro para os estádios da Copa, onde só ricos entrarão. O governo Dilma gasta mais de metade do orçamento do país para pagar os juros da divida aos bancos, que estão cada vez mais ricos. Com esse dinheiro seria possível garantir moradia digna para todos os brasileiros. Dilma, chega de dinheiro pra banqueiro e empresário, queremos mais salário, saúde e educação!

É preciso unificar a luta do trabalhador e da juventude. Na Copa, vai ter luta em defesa de nossos direitos! A central sindical CSP-Conlutas junto com centenas de outras entidades Brasil afora estão preparando grandes manifestações. No dia 12 de junho, dia de abertura da Copa, protestos estão sendo preparados em todo país. Vamos às ruas em defesa de um Brasil mais justo, igualitário e soberano!

Clique aqui e assista ao vídeo com o momento da votação que rejeitou a proposta patronal